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No Caminho do Perigo

ADULTO

Existe um comportamento humano que muitas vezes é confundido com a coragem.

Este comportamento é representado pela atitude de uma pessoa que parece destemida e vai em direção a uma situação de perigo, que pode ou não envolver grande risco.

Nestes casos a pessoa pode estar sobre forte angustia, como no caso da fobia ou sem um nível exagerado de apreensão. Querendo apenas se livrar da agonia, busca na atitude impulsiva um alívio.

O medo é uma emoção natural do humano e cumpre a função de identificar o perigo e preparar o indivíduo para a ação que lhe pareça mais adequada para a solução do problema.

Quando o medo se intensifica para além do necessário ele acaba por perder a função de organizar o sujeito.

O pânico é vivido quando frente à determinada circunstância a pessoa deveria dar uma resposta a situação e não consegue, ficando paralisada.

Na fobia a pessoa transfere para algum objeto ou situação, sem uma razão aparentemente lógica, um intenso temor deixando-a sem condições para o enfrentamento.

Qualquer coisa pode ser eleito como objeto fóbico.Por exemplo: Insetos e animais. Situações como: agorafobia (lugares com multidão), claustrofobia(lugares fechados) e a fobia social ( o falar em público e ou transitar em publico)

No entanto existe em alguns casos de quadros fóbicos, um comportamento, daquele que ao sentir o temor frente ao perigo, ao invés de recuar, avança.

Estaríamos assim tratando de uma reação que é chamada de contrafóbica. Não um ato de coragem, como pode ser superficialmente entendido.

Refiro-me a pessoa fóbica que não consegue em determinadas situações suportar a tensão vivida frente a uma situação, para ela entendida como uma ameaça. Tensão esta que exigiria uma analise das condições vivenciadas a fim de chegar a uma solução. Exigiria que o sujeito suportasse a tensão e que esta não lhe tirasse espaço para a capacidade de pensar.

Seu ataque, sua corrida em direção ao perigo é uma fuga. Uma fuga da tensão vivida pelo terror. A idéia de recuar neste momento não lhe parece garantir-lhe o alivio do mal estar vivido pela tensão e assim sendo, se lança na boca do inimigo afim de, no seu entender, acabar de vez com a aflição.

Esta seria um das faces da fobia.

No outro caso quero salientar alguns comportamentos, principalmente na atualidade, semelhantes à atitude contrafóbica, porém não se trata aqui de um quadro fóbico ou de uma reação de defesa da fobia, mas de comportamentos onde a descarga da tensão é buscada como um caminho mais fácil. Esta postura é muitas vezes estimulada socialmente pelo imediatismo, à aceleração, as múltiplas ofertas do dia a dia e até mesmo para não sair "mal na foto”.

São situações aonde a pessoa não sustenta um mal estar que determinada circunstância lhe impõe e prefere agir sem pensar, mesmo se pondo em risco.

A pessoa foge para não viver o momento de tensão frente a uma realidade que muitas vezes exige uma escolha, uma renuncia e uma taxa de responsabilidade. Neste momento é necessário buscar os recursos que se tem e naturalmente se ver frente limitações e uma carga de angustia.

Para evitar o desconforto que experimenta, descarrega sua tensão através do ato impensado e inconsequente. O agora é que é considerado e visa o alivio do incomodo.

Tal comportamento remete ao funcionamento infantil, onde não tendo recursos maturacionais, naturais pela condição do seu desenvolvimento, a criança reage às situações ligadas à díade prazer e desprazer, visando como via de regra a descarga da tensão.

Assim, aquele que enfrenta o perigo, necessariamente não é detentor de uma coragem ou competência. Mais importante de que o agir esta o refletir, analisar e lidar com a inquietude e os diversos desafios que o pensar e a tarefa de escolher exige.

Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
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