A chegada de um filho desafia os pais a uma nova organização de suas vidas.
Monta-se o ninho para a chegada do filho. O espaço que este novo ser vai ocupar na família.
É natural que muitas peças da dinâmica familiar ao longo do tempo irão se encaixando e se desencaixando continuamente, na busca de uma melhor adaptação deste novo integrante a família
Neste caminho há muitas alegrias, momentos únicos, mas também muitas renuncias e sacrifícios. Neste processo de acolher e aninhar desenvolve-se um vinculo muito intenso e profundo com a criança, principalmente por parte da mãe, embora não seja uma exclusividade dela. O foco principalmente nos primeiros meses é o amparo e a proteção ao bebe que em seu estado de vulnerabilidade frente a vida necessita de maiores cuidados.
Porém, se faz necessário que aos poucos o olhar destes pais sejam ampliados para além dos cuidados direto com seu filho e que tenham consciência desde cedo que esta criança deve ser preparada para a vida.É uma tarefa importante para os pais que se aproximam para acolher, mas ao mesmo tempo precisam ter a ciência da construção de espaços individuais que precisam ser delineados a fim de que não se perca a noção de que este ser é seu filho, mas não lhe pertence e nem você pertence a ele. Saber estar junto e separado ao mesmo tempo é uma tarefa desafiadora frente a afetos de uma relação tão significativa.
Só assim os pais ajudarão seus filhos para seu vôo em busca da construção de sua historia. Há um momento que encerra-se um ciclo. Pensar desta forma consequentemente faz também estes pais entenderem que esta criança não deve ser seu único projeto de vida. Vale lembrar que todo empenho e envolvimento visa a formação de um ser humano capaz para enfrentar seus desafios e buscar suas realizações.
É natural e esperado que em um determinado período que coincide na maioria das vezes com o inicio da vida adulta, os filhos saiam de casa, seja para trabalhar, estudar, para formarem uma nova família ou até mesmo para poder ter seu próprio espaço.
Ter esta lucidez construída ao longo do caminho contribui em ambos os lados para este momento de desligamento, pois apesar do entusiasmo do jovem que se vê frente a novas experiências com mais liberdade, há também nele uma angustia frente ao futuro e incertezas quanto as suas capacidades de vencer os obstáculos que virão com a vida
Sofre mais os pais que se voltaram demasiadamente para seus filhos como o único sentido para suas vidas.
Sentir saudades, ficar em determinados momentos triste pela ausência do filho na rotina familiar, é natural.
O que caracteriza a síndrome do ninho vazio é quando a falta do filho no ambiente familiar desperta um vazio de sentido na vida, para os pais ou um dos pais, deixando-os deprimidos, apresentando muitas vezes desanimo, falta de sono e apetite de uma forma significativa e continua.
Este estado de animo dos pais afeta também os filhos nesta nova etapa, pois alem de suas próprias angustias a serem administradas frente ao desconhecido, se preocupam com a dor dos pais gerando muitas vezes um sentimento perturbador, como se estivessem fazendo algo errado.
Estes sintomas apresentados pelos pais, sendo persistentes, sugere a importância da busca de uma psicoterapeuta a fim de que lhe ajude melhor entender o que está acontecendo e o que lhe abate.
A vida é dinâmica e passageira. É para frente que caminhamos. Tudo isto nos faz perceber a importância de não nos ausentarmos no nosso presente, ao mesmo tempo que se faz necessário um olhar para o passado que contribui nos orientando e para o futuro que nos indica o caminho
Quando possível, o exercício de confiança e esperança no futuro, feito pelos pais tanto frente a sua vida quanto a vida do seu filho contribui em muito para que esta fase aconteça de uma melhor forma possível.
A saída do filho de casa inaugura um novo momento que está recheado de oportunidades também para os pais que estando mais desocupados dos cuidados com este filho podem melhor usufruir de diferentes situações que antes não lhes era possível.
Viver é uma arte por isto criar é essencial.
Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
CRP 07/05917