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A Mentira na Psicopatia

ADULTO

Um dos traços predominante da psicopatia é a mentira. Trata-se de uma mentira diferente da que é comumente usada pelas pessoas em determinadas circunstâncias. Ela traz uma dinâmica complexa e particular

A mentira de um mentiroso psicopata faz parte de sua realidade psíquica. Sente certo compromisso com o mentir, pois é somente através da mentira que consegue vivenciar um sentimento de realidade pessoal.

Segundo o Psicanalista Cristopher Bollas: “ A mentira do psicopata mentiroso lhe permite acreditar que está realmente falando a verdade, já que lhe parece ser tão mais verdadeira do que os acontecimentos, como foram vividos na realidade, que se sente quase impotente para evitar que uma mentira seja contada”

Suas mentiras contadas com muita eficiência tentem a serem acreditadas e com este efeito tem a sensação de que pode fazer o que quiser com a realidade.

Segundo este autor, através de suas mentiras, o psicopata consegue estabelecer com o mundo externo uma relação afetiva e imaginativa que de outra forma não seria possível.

No mentir se libera do que considera uma grande servidão; a realidade. Reorganiza assim seu mundo, ficando desta forma livre para expressar-se do jeito que lhe convém.

Há dois tipos de mentira em que lança mão. Uma, é aquela em que mentir serve para evitar uma realidade que para ele seria devastadora. Ele estaria mentindo em situações em que acha necessário e se sente sem saída.

Outra, é a mentira que parece desnecessária e ela é seguida de um sentimento de sobreposição sobre o outro. Este mentir acontece em vários momentos do seu dia, são mentiras complexas e que são mantidas durante longo período de tempo.

Segundo o autor a origem deste mentir esta na falha das primeiras relações da criança com seus pais. O psicopata reconhece que existe um outro e o manipula, porém devido a intensos estados de frustração na infância lança mão da fantasia como meio de gratificação, criando para si um mundo alternativo, e é dentro deste mundo alternativo que se constitui o recurso da mentira. O mentir funciona desta forma como outra ordem de um Eu e da experiência com o mundo externo. Foram os recursos utilizados para poder tamponar uma realidade que é sentida como de extrema dor.

Não se trata somente de uma fantasia, seu mentir constrói para ele uma realidade muito mais significativa, como se fizesse uma troca de realidades, e dentro deste estado imaginativo assume uma postura natural e necessária para sua existência.

A realidade é vivenciada como opressiva e o mentir gera-lhe uma capa protetora contra esta força esmagadora. Mentindo e enganando sente que venceu uma batalha contra a aquilo que é estranho e perigoso para ele.

O que é muito perturbador é que o mentiroso psicopata cria uma fantasia para o outro, passada como realidade e ele próprio acredita nela, sentindo-se mais vivo e mais próximo daquele que compartilha da crença de sua fantasia com ele.

Quando a verdade se aproxima desfazendo a mentira, leva embora o mundo criado pelo mentiroso. Como resultado fica segundo o autor “...um afastamento perturbador de uma realidade compartilhada.”

Ambos sentem uma perda, frente à verdade, já que a mentira reuniu intimamente o mentiroso e o outro, evitando o contato com uma realidade que seria frustrante.

Entende o autor que desta forma o psicopata mentiroso estaria transferindo ao outro uma experiência vivida na relação com seus pais, que seria um relacionar ilusório, recriado pela sua fantasia, para evitar a dura realidade.

Bollas, C. (1992) – A Sombra do Objeto - p 211-229.

Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
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