A morte de alguém próximo que estimamos é com certeza uma das mais intensas experiências de perda que nos acontece.
A dor vivenciada se entrelaça no nosso dia a dia, afeta nosso corpo e nosso jeito de ver a vida.
Não adianta querer espantar a dor ou querer que passe logo. O luto é um processo lento de reestruturação da vida agora sem a presença deste alguém que morreu.
No início se custa aceitar esta nova realidade e a sensação inicial é de torpor. O torpor é uma reação de defesa do organismo frente ao impacto, amortecendo-o de forma a dar tempo para a pessoa se organizar. Demora até a pessoa se adaptar a esta mudança tão significativa em sua vida.
No início é normal uma reação de negação ao que aconteceu, a aceitar de que não verá mais aquela pessoa, que não contará mais com ela. Esta negação faz também parte deste processo de absorver o fato e acomodar as emoções.
Vários sentimentos podem ser experimentados neste momento, tais como: tristeza, raiva, culpa, saudade, etc.
No entanto, a forma como esta pessoa morreu influencia na forma de como experimentamos o luto. As mortes súbitas, violentas ou por acidente geram com frequência sentimentos mais intensos, como ansiedade, impotência e raiva.
Na maioria dos casos são comuns manifestações físicas, como: dor ou aperto no peito, cansaço, dificuldades para dormir e perda do apetite.
O melhor não é reprimir esta dor, mas permitir sua expressão. Reprimir as emoções pode ser bem mais sofrido, além de atrapalhar este processo de luto prolongando-o.
Com o passar do tempo os sentimentos vão perdendo sua força e a vida aos poucos vai voltando ao normal.
A perda de um ente querido nos dá muitas vezes a oportunidade de rever o estilo de vida que adotamos, nos deixando mais consciente da finitude da vida e da natureza mutável de muitas coisas.
Quando sentimentos referentes à perda de alguém se mantêm com intensidade e por um tempo prolongado é necessário na maioria das vezes considerar a possibilidade de conversar com um psicoterapeuta.
Aceitar o luto é o primeiro passo para uma melhor resolução desta perda. É necessário ser compreensivo consigo e aceitar seus sentimentos.
É também interessante compartilhar seus sentimentos com quem confia de que seja capaz de escutá-lo sem fazer julgamentos.
E é muito importante ao enlutado lembrar que ele não está sozinho nesta dor, uma vez que ela é vivida por todos.
Indicação de Filme:
Nome: O Quarto do Filho
Título Original: La stanza del figlio
Direção: Nanni Moretti
Roteiro: Nanni Moretti e outros
Ano: 2001
País: Itália, França
Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
CRP 07/05917