A criança concebe a morte de forma diferente que o adulto. Esta concepção varia com a idade da criança, uma vez que a representação de certos conceitos será alterada a cada estagio do desenvolvimento e está relacionada à maturação dos processos cognitivos.
Desta forma o processo de aprendizagem representativo da morte deve se dar gradualmente de acordo com a competência emocional e intelectual da criança.
Até os 5 anos de idade a criança não tem noção da morte e muito menos a noção da morte como algo definitivo. A criança associa a morte ao medo de ficar só, ir para um lugar estranho, separar-se de pessoas e coisas que gosta.
Dos 5 até por volta dos 9 anos a criança percebe a morte como algo ruim que acontece e que é determinado por alguém.Busca uma causa que esta associado a vontade de alguma pessoa . Sabe que ela é imutável, mas entende como algo que pode ser evitado.
Somente a partir dos 10 anos que a criança passa a ter a capacidade de entender a morte ligada a inatividade da funcionalidade do corpo, e já a concebe como algo inevitável.
A noção da morte para a criança sofre a influencia da cultura, pois ela observa à reação à perda em adultos mais próximos. Se vê que estão angustiados e perturbados traduz que algo horrível está para acontecer ou aconteceu.
A abordagem da morte com a criança deve estar de acordo com seu nível maturacional.
Falar da morte não é criar a dor nem aumentá-la. Falar de morte alivia a criança e ajuda a lidar com a perda.
Se o adulto mente ou oculta, ataca a capacidade de pensar da criança, deixando marcas no desenvolvimento. A criança pode ficar confusa entre o que vê e o que lhe dizem e fica triste sem ter a quem recorrer.
Quando o adulto não fala sobre a morte de alguém do seu convívio para a criança, entrava o primeiro momento de elaboração do luto, que é a aceitação de que alguém não será mais visto.
Versões como a do "céu" incrementa a fantasia de seguir o objeto perdido, atrapalhando o processo de conhecimento sobre a morte. Algumas crianças podem desejar ficar doentes para também ir para o céu junto com a pessoa querida que morreu, já que entendem a morte apenas como a troca de um lugar para outro, para se viver.
A criança capta o que acontece, mas se não é conversado com ela a respeito, fica confusa e sofre de fortes angústias que se transformam às vezes em sintomas. Às vezes expressa em palavras e às vezes não, e quando expressa em comportamento quase sempre não consegue ser compreendida.
A incompreensão do adulto e sua falta de resposta ou mentira causam dor e promove problemas.
Quando o adulto mente sobre a morte, acredita defender a criança do sofrimento, como se negando a dor a anulasse.
É necessário conversar com as crianças de forma simples, mas real. Não é necessário dar detalhes sobre o fato, a explicação deve levar em consideração à idade da criança, adequando a forma de falar a sua capacidade de compreensão. Contar a verdade e ao mesmo tempo transmitir segurança é a melhor maneira de lidar com esta realidade tão difícil da vida.
Indicação de Filme:
Nome: Cinco dias sem Nora
Título Original: Cinco días sin Nora
Direção: Mariana Chenillo
Gênero: Comédia Dramárica
Ano: 2008
País: México
Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
CRP 07/05917