O medo de ficar só é um sentimento inerente ao humano e que permeia a mente de todos em momentos distintos da vida.
Todos em algum momento já temeram não estar ligado a alguém que afetivamente estimam e confiam.
Os sentimentos despertados comumente são mistos de desamparo, rejeição e medo.
Uma ligação desta forma é muitas vezes buscada em relações amorosas, entre familiares ou em amizades. Será uma pessoa próxima que passa segurança.
No entanto a intensidade em que este sentimento se manifesta difere de pessoa para pessoa.
Em algumas ele é mais intenso caracterizando uma personalidade dependente.
Neste caso, a emoção não bem administrada internamente, limita os movimentos da pessoa que não ousa se desatar a fim de alcançar seus objetivos na vida, por temer se sentir desligada e só.
O medo de ficar só está ligado à condição humana de fragilidade na vida, que é marcada principalmente pelo nascimento e a morte.
Chegamos ao mundo vulneráveis e dependemos essencialmente de um cuidador para continuarmos vivendo, caso contrário não sobreviveríamos.
Este estado é imensurável em sua condição de impotência ao ser humano. O bom cuidado que um bebê recebe ao nascer contribui para acalmar a ansiedade experimentada com o nascimento. Estes primeiros registros realizados através da condição de amparo e desamparo, oriundo da relação estabelecida com este cuidador, marcam inicialmente o psiquismo, estabelecendo as bases de um sentimento de confiança ou não na vida.
Na melhor das hipóteses fica registrado em nosso inconsciente a qualidade de desamparo vivida pela própria condição natural da existência e isto, mesmo que sejamos bem assistido em nossas necessidades essenciais. Este registro atua em nosso psiquismo com maior ou menor força sendo assim responsável por esta necessidade de nos conectar ao outro na busca de amparo.
Por tanto, este sentimento é natural. A forma como cada um o administra internamente é que varia.
Quando muito intenso, tende a desenvolver as relações de dependência, aonde não importa quão satisfatória e saudável é o vínculo e sim o quanto ele aplaca os medos.
Durante a vida, após ter passado o estado de fragilidade do infante, nos defrontamos com diferentes provas que denotam nossa debilidade e temos que vencer constantemente nossas inseguranças a fim de alcançar nossos objetivos. Ainda assim, esta longa caminhada nos leva rumo a uma condição que não diferente do inicio da historia, também nos confronta com nossa impotência, que é a doença e a morte.
Este sentimento de incompletude, nos une as demais pessoas e nos liga a diferentes atividades, das quais buscamos nos nutrir de gratificação e de bons sentimentos para esta longa trajetória.
Desta forma, a fragilidade humana indubitável do nascimento, da doença e da morte são geradoras de fortes angustias.
A tarefa desafiadora, mas tão importante para o ser humano de buscar encarregar-se de si, compreender e acolher suas emoções, possibilitam uma melhor relação consigo e com o outro.
Indicação de Filme:
Nome: Amorosa Soledad
Título Original: Amorosa Soledad
Direção: Victoria Galardi, Martín Carranza
Roteiro: Victoria Galardi
Ano:2008
País: Argentina
Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
CRP 07/05917