A Vingança é um sentimento provocado, do qual uma vez despertado, uns tentam se livrar e outros se atiram com sede.
Remete a um dano e a um desejo de acertos de contas.
A vingança é um sentimento que naturalmente brota no ser humano quando este é lesado deliberadamente por outro.
A vingança vem como um desejo de justiça, um instinto de defesa do ser humano, uma esperança de sossego com o acerto, no entanto, uma vez colocada em ação pode desencadear um tormento pela reprodução da violência.
Antropólogos apontam que a vingança tem o poder de despersuadir o agressor que temendo o troco pensa duas vezes antes de atacar.
Não podemos assim evitar que este sentimento exista. E não podemos negar que ele exerce um papel regulador do abuso ao mesmo tempo em que pode ser propagador.
Como regulador, a consciência da vingança inibe o agressor pelo medo da retaliação. Como propagadora uma vez executada, pode reascender a selvageria, já que o principal objetivo da vingança é lesar o outro assim ou mais do que se sentiu lesado.
Alguns estudiosos salientam que a vingança é um sentimento tão natural ao ser humano quanto o ódio e o amor. Porém ela é refreada a fim de evitar a desordem. Um culto a razão contra os instintos. Socialmente mal vista exigindo que seja reprimida.
No entanto, todo ser humano nasce com o instinto a atacar contra, quando se sente agredido.
Podemos observar o ímpeto de vingança em uma criança muito pequena que ao ser lesada tende a rapidamente, se não dominada pelo medo, a revidar.
Tendo sua função de preservação, mas necessitando ser regulada a fim de que não prevaleça à lei das selvas o homem repassa a justiça o poder de acertar as contas.
A acepção da vingança é repassada a punição. A justiça diferente da vingança tem por objetivo seguir os princípios éticos de seu povo. Aquele que cometer um ato que ocasione um dano a outrem deverá ser enquadrado nas leis, ter um prejuízo, ou seja, a punição a fim de que a ordem seja instituída.
Entende a sociedade que a punição deverá ser feita por um terceiro, neste caso a justiça, até por que a dor da ferida causada pelo outro, atrapalha para que a própria pessoa estabeleça a medida certa da pena que o agressor deve sofrer pelo que fez.
É necessário que outro o faça, é necessário que as regras de convívio sejam preservadas e o castigo a quem os viola seja determinada por outro que com distanciamento necessário poderá medir a dose correta.
A justiça tem a função de garantir os direitos individuais, coletivos e sociais. Quando funciona bem, estimula que as pessoas deleguem a ela o poder de decidir pela pena ao agressor. Que a justiça se encarregue de acertar as contas!
No entanto quando esta falha, acaba por estimular os indivíduos à resolução privada de seus conflitos.
A punição ao agressor pode aliviar a ferida ao ego da vitima. Quando isto não acontece à pessoa tende a encontrar dificuldade em diminuir internamente as forças agressivas ativadas pelo dano sofrido. Se não consegue uma saída, canalizando ou até mesmo elaborando estes sentimentos, esta raiva contida volta-se contra si, com uma ação autodestrutiva desenvolvendo, por exemplo, doenças psicossomáticas ou a depressão. O rancor tem uma ação corrosiva para o ser humano mais do que outros sentimentos negativos.
Em alguns casos esta energia acumulada alcança uma descarga que ocorre através da sublimação, ou seja, permite ser canalizada e assim descarregada por meios socialmente aceitos e que não tragam prejuízo a outrem nem mesmo a própria pessoa. Assim sendo promove um alivio da tensão.
A manifestação da vingança difere entre as pessoas, uma vez que esta relacionada a características psicológicas individuais de cada um.
Alguns são mais propensos a sentimentos mais intensos de vingança do que outros.
É sabido que o Homem componente da sociedade espera a vingança da sociedade contra aquele que não a honra. A honra será reparada através das penas. E este é o objetivo principal: a preservação não só do individuo lesado, mas também da própria sociedade. Almeja-se desta forma a autoconservação imprescindível da sociedade.
Indicação de Filme:
Nome: Oldboy
Direção: Park Chan-wook e Min-sik choi
Gênero: Suspense, drama
Ano: 2003
País: Coreia do Sul
Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
CRP 07/05917