Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel. Num instante imagino uma linda gaivota voar no céu.
Toquinho/ Vinicius de Moraes
Uma Criança é um encanto! Ela nos impressiona, nos desconcerta e nos impacienta. Capaz de gerar muita alegria, mas também muita aflição.
A relação com uma criança é uma volta no tempo. É um convite a olhar a vida de outro lugar e de outro jeito.
Uma criança saudável é curiosa, ativa, afetiva e essencialmente sonhadora. Um sonho que embala o futuro que tanto deseja descobrir. E que vai descobrindo aos poucos, no passo a passo do seu desenvolvimento.
A brincadeira é o teatro aonde encena o passado, o presente e o futuro.
Aonde retrata suas indagações, seus dilemas, seus dramas, suas alegria e suas dores.
A brincadeira é a essência da vida da criança. Precisa da brincadeira para se desenvolver.
A evolução da capacidade cognitiva da criança se dá através do brincar. É brincando que a criança introjeta gradativamente a realidade, e vai aos poucos dominando conhecimentos que proporcionam seu avanço e sua integração as leis da cultura que esta inserida.
É na brincadeira que a criança vai compondo a compreensão do mundo que é percebido por ela cognitivamente e afetivamente. A cognição adquirida através do brincar também auxilia na composição da compreensão do mundo pelos afetos, Uma vez que algo pode ser compreendido cognitivamente, mas não afetivamente.
A brincadeira acontece com o total controle da criança, é uma atividade espontânea. Um brinquedo para uma criança pode ser mais interessante do que para outra, visto que é a criança que inventa a historia do brincar de acordo com seu mundo interno.
Ao adulto cabe apenas estimular, propiciar e sugerir.
A participação do adulto na brincadeira muitas vezes é bem vinda, mas para que seja efetiva exige um envolvimento que lhe renda o prazer de estar ali. O adulto verdadeiramente entra na brincadeira para a criança quando esta percebe nele a satisfação. Quando ele transcende do mundo adulto para o mundo infantil e realmente o habita naquele instante
O brincar também é para a criança a forma de suavizar o impacto da dureza da vida, além de ajuda-la a lidar com o sentimento de impotência frente ao mundo.
Sendo assim, o brincar é uma expressão de saúde.
Quando a criança brinca de ser o que inventa, a coisa vai bem, ou seja, quando a criança simboliza e naquele momento faz da brincadeira a realidade.
Preocupa-nos é quando uma criança acredita ser o personagem, ou seja, quando ser o personagem não é o brincar e ela fica capturada no imaginário. Assim como é preocupante quando ela não tem o interesse de brincar, quando não há brincadeira, nem realidade.
São sinais de que algo não está bem.
Texto de autoria de Rosângela Martins - Todos os direitos reservados
Psicóloga Porto Alegre
CRP 07/05917